quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Corta-Mato do Externato de Penafirme 2008


Ao contrário dos dias anteriores, o dia 17/12 amanheceu com poucas nuvens, sem vento e com uma temperatura amena, o bom tempo veio desta forma participar, juntamente com mais de 1100 alunos, em mais um Corta-Mato Escolar do Externato de Penafirme.

Esta é uma actividade que ao longo dos anos tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos entre os nossos alunos, pois permite-lhes passar um dia diferente a praticar desporto. Quem também tem aderido cada vez mais são os Encarregados de Educação, que neste dia vêm à escola apoiar os seus filhos.

No total decorreram 9 provas, ao longo de toda a manhã, pois cada escalão/sexo teve a sua prova, sendo excepção o escalão de juniores em que os dois sexos correram juntos, fazendo a sua despedida destas corridas escolares. Na sua grande maioria, as provas foram disputadas até à linha de meta, não só os 3 primeiros lugares que davam acesso à consagração no pódio, mas até ao 6º lugar, último posto para integrar a equipa desse escalão que irá representar o Externato no Campeonato Regional que vai ter lugar em Torres Vedras.

Para muitos destes alunos é para esse campeonato que treinam desde o início do ano lectivo, pois temos uma tradição vencedora a manter. Para além disso, a vitória colectiva nos escalões de iniciados e juvenis nos Regionais dá acesso ao Campeonato Nacional, prova onde já marcamos presença há 5 anos consecutivos.

De referir também que são já vários os alunos que começaram nestas corridas do Desporto Escolar, ganharam o gosto do atletismo e agora fazem parte de clubes de atletismo da nossa Região, inclusivé no Clube Académico de Penafirme.

O Grupo de Educação Física



sábado, 13 de dezembro de 2008

DESIGUALDADES SOCIAIS


No acompanhamento dos Jogos Paralímpicos de Pequim foi feita uma entrevista pelo “Jornalismo Porto Net”, a Humberto Santos, presidente da Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes, da qual vou transcrever algumas passagens de forma a demonstrar algumas desigualdades existentes. O presidente da Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes defende que deve ser criada “uma nova cultura, uma nova forma de ver a participação dos cidadãos com deficiência na sociedade”. Salientou que o desporto em Portugal está centralizado no futebol e que todas as outras áreas desportivas são negligenciadas pelos órgãos de comunicação social.

Assim, na referida entrevista a Humberto Santos, quando lhe foi perguntado por que é que iriam atletas apenas a sete modalidades e não às restantes treze, este respondeu: “Temos um longo caminho a percorrer. O desporto em Portugal para as pessoas com deficiência ainda se encerra muito nas associações e organizações da área da deficiência. É necessário dar um passo em frente, o que significa que precisamos que o desporto para as pessoas com deficiência seja mais divulgado e praticado nos clubes desportivos de cada cidade, de cada vila, onde todas as outras pessoas participam também.”

Foi-lhe também perguntado:

No apuramento dos atletas para os Jogos Paralímpicos está também a funcionar um sistema de quotas de género. Em que consiste?

Por exemplo, no atletismo por cada três atletas do sexo masculino tem que participar uma atleta de género feminino. Portugal tem uma diferença substancial de participação na actividade desportiva entre homens e mulheres. Apesar de termos mulheres a praticar desporto em termos regulares, ao mais alto nível e com resultados para Pequim não são tantas quanto isso.

Sente que nos últimos anos tem havido um aumento de competitividade nos campeonatos internacionais e nos Jogos Paralímpicos?

Em cada ciclo paralímpico verifica-se que há um maior crescimento, uma maior qualidade, um maior número de atletas, o que adiciona, obviamente, maiores dificuldades na obtenção de resultados de pódio. Desta forma, contamos encontrar, em Pequim, uma forte concorrência com alto nível de competitividade.

Através deste excerto da entrevista de Humberto Santos, posso concluir que para os atletas paralímpicos, o esforço tem que ser muito maior, um passo de cada vez.

A questão seguinte vai enfatizar o que acabei de dizer:

Quais são as consequências de grande parte do desporto para pessoas com deficiência ser praticado apenas nas organizações e associações a eles dedicadas?

Reduz a oferta relativamente a todos aqueles que querem praticar desporto. Assim, ao reduzir a oferta, reduz o número de participantes e reduz o número de modalidades. Há um salto que nós temos de dar, mas um salto quantitativo. Contudo, só será possível dá-lo no dia em que os clubes desportivos e as organizações que estão ligadas ao desporto em Portugal tenham abertura para incorporar nas suas actividades o desporto para pessoas com deficiência.

Apenas em 1988 a Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes desenvolveu um sistema desportivo na área da deficiência, que encerra em si a preocupação de criar as condições nacionais para a prática regular do desporto por parte das pessoas com deficiência.

A meu ver, Portugal ainda é um país com muitos preconceitos relativamente a pessoas com deficiência. É preciso criar uma nova cultura de inclusão ao nível do nosso país, que se reflicta não só no desporto, mas também no próprio dia-a-dia, nomeadamente nas mais variadas situações, tais como na educação, no emprego, na aferição de espaços públicos, no acesso aos bens e serviços, entre outros. Precisamos que haja uma visibilidade diferente das pessoas com deficiência, bem como o desenvolvimento de processos que visem a efectiva inclusão das pessoas na sociedade.

Na entrevista feita a Humberto Santos, foi-lhe perguntado:

Considera que os Jogos Paralímpicos e as medalhas conquistadas têm um tratamento negligenciado pela comunicação social?

Acho que a Federação tem conseguido captar uma parte substancial da atenção da comunicação social. Contudo, ainda assim considero que mais poderia ser feito. No entanto, se falasse com outros presidentes de federações, que não fosse o futebol, chegaria à conclusão que eles achavam o mesmo que eu. Aquilo que nós comentamos é que há demasiada visibilidade do futebol em detrimento de muito mais do que o futebol e que é feito com resultados, com grande brio e grande entrega. O que queremos é que se difunda regularmente esta realidade desportiva.

O apoio financeiro que a federação recebe é suficiente?

Não é em Portugal como não é em nenhuma parte do mundo que eu conheça. É legítimo que todos queiramos sempre mais, desde que seja numa perspectiva de crescimento, de alargamento, de aprofundamento da actividade desportiva. Todos nos queixamos de falta de recursos, mas acho também que todos temos que ajudar a melhorar este sistema.

Há quatro anos Rosa Mota foi a embaixadora da comitiva de Atenas. Para este ano já há algum nome?

Não, ainda não. Esse assunto ainda não está tratado no seio da Federação. Temos várias hipóteses, incluído a possibilidade de haver mais do que um, mas ainda não há nenhuma decisão objectiva relativamente a esta matéria.

Os estatutos para o primeiro Comité Paralímpico Português foram recentemente aprovados. Qual vai ser o próximo passo?

A decisão por parte da Federação está tomada, aliás há cobertura legal do quadro nacional para o efeito. A Comissão Instaladora do Comité começou a funcionar há relativamente pouco tempo. Estamos à espera de definir o quadro logístico necessário para o lançamento deste novo órgão. O nosso objectivo é que logo após Pequim, em Outubro, sejam criadas as condições para se proceder às eleições para o Comité Paralímpico, para que o ciclo olímpico de 2009/2012 seja já ele dinamizado sob a égide do Comité Paralímpico Português.


Sara Pereira 11º LH Nº 25 in "Trabalho de Educação Física"


Entrevista a Carlos Lopes

Carlos Manuel C. Lopes, um atleta paralímpico com 40 anos. Nasceu a 8 de Novembro de 1968 em Lisboa e reside actualmente em Alverca.

Carlos Lopes é licenciado em psicologia pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa. Iniciou-se no atletismo dois anos após perder a visão definitivamente e fê-lo durante vários anos participando em 5 Jogos Paralímpicos, 6 Campeonatos do Mundo e em 9 Campeonatos da Europa. Actualmente já não treina tendo-se dedicado à politica, exercendo o cargo de coordenador do Centro de Recursos e de Animação Educativa da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira.

1. Há quanto tempo pratica desporto?

Neste momento já não estou a treinar, a minha última prova foi em Pequim, mas fiz atletismo durante 20 anos.

2. Na sua opinião, são dada as condições de treino necessárias aos paralímpicos?

É verdade que, não vou dizer nas condições de treino, mas as condições de preparação desportiva, que possibilitem uma boa participação desportiva em estágio, em competições, não são suficientes. Mas o grande problema do desporto paralímpico não se prende essencialmente com as questões da preparação e da participação desportiva, prende-se sim com, numa primeira fase, com o conhecimento que as pessoas têm de ter de que é possível fazer desporto tendo uma deficiência, podemos começar por ai, primeiro por sensibilizar as próprias pessoas com deficiência que realmente podem fazer desporto, há muitas pessoas com deficiência que não acreditam que podem fazer desporto. Depois é preciso trabalhar ao nível dos professores e das pessoas que estão a trabalhar nas escolas, os animadores e os professores mostrando-lhes que há um conjunto de actividades físicas que as pessoas com deficiência podem fazer. Depois começar a criar condições nos clubes, nos bairros, nas autarquias, nas escolas para que as pessoas possam realmente começar no seu dia-a-dia a fazer natação ou a correr, a praticar uma série de actividades. Eu penso que neste momento, a preparação desportiva e a participação são importantes e nós os atletas paralímpicos não temos as condições necessárias mas o problema é muito mais abrangente do que isso e começa se calhar pelo início.

3. Sente que é dada mais importância aos resultados dos atletas olímpicos em relação aos resultados obtidos por atletas paralímpicos?

Isso é evidente, mas também temos que perceber que o desporto paralímpico é uma realidade relativamente recente. Os primeiros jogos paralímpicos realizaram-se na década de 60, Portugal só participa pela primeira vez nos Jogos Paralímpicos, com uma pequena equipa em 1972 e só participa regularmente em Jogos Paralímpicos a partir 1988. Também é verdade que só a partir de 1985 é que há um estatuto de alta competição para os atletas com deficiência e que os primeiros contratos de programa, uma espécie de acordos em que o governo dá às federações uma verba para a preparação e participação desportiva dos atletas, que a nossa federação estabelece com o governo surgem apenas em 1986. Ou seja, estamos a falar de uma realidade que é ainda relativamente recente. É também verdade que associado à deficiência ainda há um conjunto de crenças e estereótipos negativos no sentido que aquilo que é feito por parte das pessoas com deficiência tem menos valor. Há aqui um conjunto de questões que fazem com que o desporto paralímpico ainda não tenha a visibilidade e a credibilidade e não seja tão valorizado quanto é o desporto olímpico. Mas eu estou convencido que, a longo prazo, caminharemos também para alguma notoriedade do desporto paralímpico. E também é verdade que sinto que desde os meus primeiros Jogos Paralímpicos em Barcelona (1992) para cá sente-se uma diferença muito grande. Sinto que hoje as pessoas me reconhecem na rua, me vêm cumprimentar, me vêm felicitar e que a televisão já dá muito maior atenção aos atletas paralímpicos do que dava por exemplo em Barcelona ou em Atlanta em 1996.

4. Na sua opinião o desporto contribui para a integração das pessoas com deficiência na sociedade?

Sim, claramente. A prática de uma actividade física é importante para todas as pessoas, porque há uma série de estudos que demonstram que há benefícios, quer ao nível físico, quer ao nível psicológico, quer ao nível da participação social, isto para todas as pessoas, quer tenham deficiência ou não. Ao nível da inclusão social, o facto das pessoas poderem ter um grupo de amigos, de poderem mostrar aquilo que são realmente capazes, de superar obstáculos, de ultrapassar barreiras, é um sinónimo de inclusão social. No desporto as pessoas valem por aquilo que fazem e não por aquilo que não conseguem fazer e isto é importantíssimo ao nível da inclusão social.

5. Na sua opinião a prática desportiva contribui para a qualidade de vida de uma pessoa com deficiência?

Muito, muito. Em todos os níveis, ao nível físico, ao nível psicológico e ao nível da inclusão social. No caso das pessoas com deficiência o desporto paralímpico é ainda mais importante ou ainda mais relevante porque, se pensarmos por exemplo ao nível físico, a actividade física faz com que as pessoas tenham melhor desenvolvimento motor. No caso das pessoas com deficiência visual, por exemplo, o desporto tem grandes vantagens ao nível do desenvolvimento do equilíbrio, da orientação e da mobilidade. Portanto a nível físico há ganhos significativos com uma boa prática desportiva. Depois a nível psicológico, nós sabemos que o desporto tem uma componente muito grande ao nível da auto-estima, gostarmos de nós próprios, de nos valorizarmos, no controlo da ansiedade e do stress. Portanto há aí um conjunto de factores ao nível psicológico em que o desporto tem uma influência muito grande.


Patrícia Patrocínio 12º CT1 nº21 in "Trabalho de Educação Física"